PALAVRAS DO SANTO PAPA FRANCISCO (Mt 11,2-11)
Recebido
João, ouvindo falar das obras de Jesus, João é tomado pela dúvida sobre se Ele é realmente o Messias ou não. O texto realça que João está na prisão, e isto, para além do lugar físico, faz-nos pensar na situação interior que ele vive: na prisão há escuridão, não há possibilidade de ver claramente e de ver além. Com efeito, o Batista já não pode reconhecer Jesus como o Messias esperado. Assaltado pela dúvida, envia os discípulos para verificar: “Ide ver se é o Messias ou não”. Mas isto significa que até o maior crente atravessa o túnel da dúvida. E isto não é um mal; pelo contrário, às vezes é essencial para o crescimento espiritual: ajuda-nos a compreender que Deus é sempre maior do que o imaginamos; as obras que realiza são surpreendentes em relação aos nossos cálculos; o seu agir é sempre diferente, supera as nossas necessidades e expectativas; e por isso nunca devemos deixar de o procurar e de nos convertermos à sua verdadeira face. É o que faz o Batista: na dúvida, volta a procurá-lo, interroga-o, “discute” com Ele e finalmente redescobre-o. João, definido por Jesus como o maior entre os nascidos de mulher (cf. Mt 11, 11), ensina-nos, em síntese, a não fechar Deus nos nossos esquemas. Este é sempre o perigo, a tentação: fazer um Deus à nossa medida, um Deus para usar. E Deus é outra coisa. (Papa Francisco, Angelus de 11 de dezembro de 2022)